O senador Paulo Paim (PT-RS) alertou nesta quarta-feira (27) para o agravamento, em meio ao isolamento social, da violência doméstica contra mulheres durante a pandemia de covid-19. Ele ressaltou que são diversas formas de agressão: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, esse tipo de violência cresceu em torno de 28% no país, em abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. O senador também citou dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre os estados com mais agressões, São Paulo teve um aumento de 44,9%. Acre, Rio Grande do Sul, Pará e Mato Grosso também estão entre os estados com aumento de ocorrências.
— A violência doméstica contra a mulher sempre esteve presente no país. Mas o isolamento social, em tempos de pandemia, agravou a situação — disse o senador.
Paim chamou atenção para a queda no número de registros oficiais em boletins de ocorrência, a chamada subnotificação. Ele cobrou mais proteção para as mulheres e pediu mais solidariedade para o Brasil enfrentar a pandemia.
— O poder público brasileiro tem que agir rápido e com eficiência, melhorar a estrutura de atendimento e ampliar canais de denúncia. Bater numa mulher, enfim, bater em qualquer cidadão, é crime e assim tem que ser tratado, seja homem, seja mulher, e mesmo aquele que covardemente bate nos animais. Nós não queremos agressão a ninguém. Nós não queremos ódio nem violência contra as mulheres, contra as crianças, contra ninguém, por ser negro, por ser branco, por ser índio, por ter a sua orientação sexual — declarou o senador.
Segundo Paulo Paim, um estudo de 2015 aponta que a cada sete minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no Brasil, que mais de 70% da população feminina brasileira vai sofrer algum tipo de violência ao longo da sua vida, e uma em cada quatro mulheres diz ter sido vítima de violência”.
Entre as causas da violência doméstica, Paim lista o machismo, o alcoolismo, o ciúme, as drogas e os problemas financeiros. O senador acrescentou que as pesquisas apontam a população negra como a principal vítima da violência doméstica e de homicídios no país.
— Duas em cada três pessoas atendidas no SUS [Sistema Único de Saúde] em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres, e 51,6% dos atendimentos foram registrados como reincidência no exercício da violência contra as mulheres — destacou.
Paim também citou pesquisas do Datasenado segundo a qual 21% das vítimas de violência doméstica não procuram ajuda, e os principais motivos relatados para isso são a preocupação com as crianças, o medo da vingança do agressor, a crença de que o episódio seria o último, a descrenças nas consequências legais, a vergonha e o medo da separação.
Fonte: Agência Senado